A musculação mais do que um instrumento em prol do vigor e da beleza, hoje é a atividade física mais procurada e indicada para promoção da saúde e profilaxia de diversas patologias. Ela também dá uma força e tanto para domar o mal que eleva a glicose na circulação. Esse aumento excessivo do açúcar na corrente sanguínea é denominado Diabetes Mellitus, que atinge mais de 150 milhões de pessoas em todo mundo, o que significa que quase 5% da população mundial têm essa doença. No Brasil 7,6% das pessoas entre 30 e 69 anos tem diabetes.
A elevação de glicose (açúcar) no sangue ocorre porque a
insulina, hormônio responsável pela absorção da glicose pelas células, deixa de
ser produzidas pelo pâncreas, sendo produzida de forma insuficiente ou não
funciona adequadamente.
O diabetes é classificado em: Tipo I, Tipo II, Gestacional
e os secundários.
O Tipo I ocorre por ineficiência total ou quase total do
pâncreas de produzir insulina. É causado por um fenômeno de auto-imunidade, a
pessoa começa a produzir anticorpos contra seu pâncreas, contra as células que
produzem a insulina( as ilhotas de Langerhans). Evolui em estágios desde uma
predisposição genética modulada por fatores ambientais (infecciosos,
dietéticos, tóxicos) que levam ao desenvolvimento de uma insulite auto-imuni,
diminuição progressiva da secreção de insulina e da tolerância a glicose,até a
deficiência absoluta de insulina com o surgimento da hiperglicemia (estagio
clinico).
Pacientes com diabetes mellitus Tipo I usualmente
apresentam sintomas clássicos do diabetes precedendo o diagnostico (poliúria,
polidipsia, perda inexplicada de peso, polifagia, visão turva). Necessitam de
insulinoterapia para sobreviver.
Já o Tipo II representa 90% a 95% dos casos de diabetes
acometendo e indivíduos de qualquer idade, porem mais freqüentemente
diagnosticada após os 40 anos. É provocado por um defeito na secreção e na ação
da insulina ( resistência a insulina), podendo haver predomínio de um
componente sobre o outro. Cerca de 80% dos pacientes apresentam sobrepeso ou
obesidade e mesmo naqueles com peso normal, pode ocorrer maior predomínio de
gordura na região abdominal, muitos pacientes não apresentam os sintomas
clássicos do diabetes e podem permanecer durante anos sem o diagnostico da
doença. O risco de desenvolver o diabetes Tipo II aumenta com a idade, excesso
de peso, sedentarismo, hipertensão arterial e dislipidemia.
Diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido como
qualquer nível de intolerância a carboidratos, resultando em hiperglicemia de
gravidade variável, com início ou diagnóstico durante a gestação. Sua
fisiopatologia é explicada pela elevação de hormônios contra-reguladores da
insulina, pelo estresse fisiológico imposto pela gravidez e a fatores predeterminantes
(genéticos ou ambientais)
A Organização Mundial de saúde classifica os
indivíduos como diabéticos, quando os níveis de glicose no sangue estiverem
acima dos 140mg/dl.
Em vários estudos realizados em portadores de
diabetes, após 6 semanas de treinamento de musculação já é possível notar uma
queda de açúcar no sangue.
Tal queda pode ser explicada porque durante os exercícios,
nossas células precisam de mais energia do que em repouso, por isso, utilizamos
mais glicose. Durante a contração muscular, os receptores de glicose das células
(GLUT 4) ficam permeáveis, ou seja, a glicose penetra na célula sem a ação da insulina.
Esse fenômeno ocorre durante a contração muscular e após as refeições. Por
isso, muitos diabéticos que passam a treinar em academias regularmente,
tem sua dose diária de insulina diminuída (menos “agulhadas” e despesas). Alem
da maior utilização de glicose pelo organismo durante o exercício, a longo
prazo isso também ocorre, devido ao aumento de massa muscular, pois quanto
maior a massa muscular, maior a necessidade e utilização de glicose.
O exercício
fornece benefícios adicionais para o diabético, tais como:
- Melhora na sensibilidade a insulina, que
resulta em uma diminuição na quantidade necessária para manter o nível sanguíneo
normal de açúcar;
- Diminuição nos fatores de risco
cardiovascular, com um aumento no HDL colesterol (Lipoproteína de alta
densidade) e uma redução no LDL colesterol (de baixa densidade) e nos triglicerídeos
circulantes;
- Ênfase na fibrinolise (aderência reduzida das
plaquetas sanguíneas e menos possibilidades de formação de coágulos, que levam
ao infarto ou ao acidente vascular cerebral);
- Melhora no estado psicológico e na administração
do estresse associado ao diabetes ou a outros fatores;
- Aumento na massa muscular e redução na
gordura, que contribuem com uma melhora na sensibilidade à insulina;
- Melhora em potencial no controle glicêmico
geral, se o açúcar sanguíneo for monitorado e se forem feitos ajustes na dieta
e nas medicações.
Entretanto deve-se frisar que quaisquer benefícios obtidos
na musculação ocorrem apenas se o treinamento for bem orientado e prescrito
adequadamente e embasado nos princípios do treinamento por um profissional
especializado e formado em educação física. A pratica de qualquer atividade
física sem a orientação de um profissional competente está sujeita enfrentar
situações difíceis, colocando a sua saúde em risco.
