É comum para os praticantes de atividade
física amanhecer todo dolorido no dia seguinte de um treino mais intenso. Tal
sensação de dor foi interpretada equivocadamente por algum tempo como uma
fadiga muscular causada pelo acumulo ácido lático, justificando assim a causa
da dor e do desconforto muscular. Porém, ao longo do tempo descobriu-se que o
ácido lático acumulado nos músculos é logo removido, sendo metabolizado poucas
horas após o término da atividade. Sendo assim qual a explicação para a dor muscular
após o exercício?
A dor sentida após o treino é decorrente de
micro traumas, que são pequenas lesões da estrutura muscular ocorrentes de
forma difusa nos grupos musculares mais solicitados durante o treinamento, e
são denominadas de DOMS – Dor muscular
tardia.
Na figura abaixo observamos através da
técnica de biópsia, a visão microscópica da musculatura da coxa (quadríceps) de
um maratonista antes da competição (figura A.) e após a competição (figura B.).
Mesmo para os que não reconhecem as estruturas de uma célula muscular, é
possível perceber que na situação pós prova (figura B), há um grande desarranjo
e desconfiguração, comparado a situação pré prova (figura A.), no alinhamento
das chamadas cadeias de proteína, responsáveis pela contração muscular. Para a
recuperação e reestruturação do tecido muscular recrutado, um complexo processo
inflamatório seria desencadeado resultando em aumento da sensibilidade
local.
A Dor Muscular Tardia (DOMS) surge cerca de 8
horas depois da prática da atividade física, aumentando de intensidade nas
próximas 24 a 48 horas e diminuindo progressivamente após 72 horas, e são mais
comuns e indivíduos iniciantes á pratica de atividade física. Os sintomas
apresentados são: dor, inflexibilidade e desconforto, que podem ocorrer um ou
mais dias após o treinamento.
Porém, dores mais intensas por período de
tempo prolongados, que impossibilite de realizar movimentos articulares pode
indicar uma lesão de grau mais elevado e não deve ser confundida com a
DOMS.
Hoje acredita-se que as principais causas da
DOMS são: Uma pequena inflamação ocasionada por microlesões nas miofibrilas;
estiramento excessivo do tecido conjuntivo do músculo; alteração no mecanismo
celular de entrada e saída de cálcio ou vários fatores conjugados.
A Dor muscular Tardia é mais ocasionada em
praticantes de exercício de força, sendo que está mais relacionada com a
intensidade do que com a duração do exercício.
Baseados na famosa frase de Arnold
Schwarzenegger “ No Pain No Gain” (sem dor sem ganhos), alguns praticantes não respeitam o próprio
limite e exageram na dose priorizando sempre a dor após o exercício,
acreditando que se não sentir aquela “dorzinha” no dia seguinte o treino de
nada valeu.
A verdade é que devemos ter bom senso,
podemos sim ter ganhos sem dor, mas por outro lado, a DOMS em níveis
controlados serve como indicador de que o estimulo do treinamento foi dado além
do que o nosso organismo está adaptado, e superar essa adaptação é o que fará
que tenhamos bons resultados.
Como evitar as dores pós exercício?
Na verdade se o estimulo do treinamento for
além da adaptação do nosso organismo é impossível evitar a dor, o que podemos
fazer é alivia-la. Para isso o mais importante é um repouso adequado e uma
alimentação correta, fazendo com que a recuperação seja mais rápida. Outro
ponto importante é respeitar o período de recuperação e pelo menos até 48 horas
evitar de estimular o mesmo músculo, prevenindo assim o surgimento de uma lesão
muscular mais séria.
Por fim, a dor muscular tardia é normal em
iniciantes á pratica da atividade física e também quando esforçamos além do que
estamos acostumados. Não devemos qualificar o nosso treino através apenas da
dor que sentimos no dia seguinte,
devemos priorizar primeiramente durante o treino a boa execução do
exercício, cargas corretas e um treinamento bem orientando de acordo com a
individualidade e objetivo de cada um, a dor será consequência de um estimulo
mais intenso no qual o organismo não estava adaptado.
Prof. Márcio Luiz de Almeida Bueno

