A creatina vem sendo
um dos suplementos mais utilizados por atletas que tem como objetivos
principais aumentar a massa e força muscular.
No nosso organismo a
creatina é encontrada no músculo esquelético (95%) sendo dividas nas formas de
creatina livre (Cr 40%) e fosfocreatina (Pcr 60%), (TERJUNG, 2000). Sua
absorção é feita através pelo trato gastrointestinal por transporte ativo,
sendo a maior parte das grandes doses ingeridas removida do plasma pelos rins e
excretada na urina.
Em exercício a
fosfocreatina celular, juntamente com seu ATP, é conhecida como sistema
energético do fosfagênio. Em conjunto, podem proporcionar uma potência muscular
máxima por um período de 8 a 10 segundos, quase o suficiente para uma corrida
de 100 metros. Assim, a energia proveniente do sistema do fosfagênio é
utilizada para os curtos surtos máximos de potência muscular (GUYTON; HALL,
1997)
A creatina é um
suplemento muito popular entre praticantes de vários esportes e, principalmente
frequentadores de academias de ginástica, onde os maiores consumidores são os
praticantes da musculação, que utilizam esse suplemento mas não sabem nem a
menos para que serve.
Sua ingestão de num
prazo de menor de 7 dias é acompanhada por rápidos aumento de peso. No entanto,
esse aumento “mágico” de peso pode ser explicado pela retenção hídrica
intracelular. Estudos comprovam essa hipótese, demonstrando que se observa um
declínio do volume urinário após o início da suplementação oral de
creatina(MUJIKA; PADILLA, 1997)
Por outro lado
alguns estudos, apontam que a creatina administrada a praticantes de
treinamento de força possibilitaria que o sujeito desempenhasse mais repetições
com a mesma carga, o que poderia se traduzir em maiores ganhos de massa magra
num programa de treinamento de longo prazo. Uma grande evidência que suporta
essa hipótese vem do estudo de Syrotuik et al 2000, esses autores relataram que
sujeitos que receberam creatina, mas que desempenharam a mesma carga absoluta
que o grupo placebo (apesar de serem capazes de levantar maiores cargas),
apresentaram as mesmas respostas para força e hipertrofia, indicando que os
benefícios advindos da creatina são associados ao aumento do volume de
treinamento. Dessa forma, esses estudos sugerem que os efeitos da suplementação
de creatina sobre a hipertrofia são dependentes da capacidade desse suplemento
em aumentar o volume de treino.
Administração da creatina
De maneira geral,
suplementações de 2 a 5g/dia são competentes para aumento intracelular de
creatina e PCr no músculo esquelético. A ingestão segmentada em fases também é
alvo de estudo e uso, com Fase de ataque de 20g/dia, podendo ser dividida em 4
doses de 5g, de 6 a 14 dias, com redução para fase de manutenção de 2 a 5g/dia ou
0,03 g/kg de massa corporal, (GREENHAFF, 1997).
Com respeito a
quando tomar a creatina segundo a nutricionista esportiva Mirthes Stancanelli a
forma mais correta para utilizar a creatina é pós-treino e se possível junto
com um carboidrato de alto índice glicêmico como o Malto por exemplo. Dessa
forma você irá garantir a máxima absorção da creatina.
Excesso de creatina
Os estudos
realizados em indivíduos dentro condições renais saudáveis sugerem que a função
excretória de creatinina permanece adequada aos parâmetros normais, mesmo com
cargas grandes de suplementação como em fases de ataque, de maneira a não
alterar função renal. Evidentemente, esta situação não ocorre em sujeitos com
injúrias renais ou problemas de filtração glomerular. Neste sentido, a
principal recomendação são os cuidados de suplementação a longo prazo, mesmo
que não exista literatura consistente demonstrando efeitos deletérios.
Não há evidências de
efeitos colaterais considerados graves quando a suplementação de creatina é
feita dentro da administração correta . No entanto, super-dosagens da
substância podem trazer efeitos indesejados. “Náuseas, vômitos, diarreia, dores
de cabeça e mal estar geral, são algumas das reações apontadas no consumo de
altas doses de creatina em uma única vez. Vale citar que estudos realizados com
populações doentes que têm deficiência da síntese de creatina, não apontaram
efeitos colaterais em mais de oito anos de utilização”.
Um dos principais
questionamentos a cerca do uso da creatina é que seu uso poderia causar
sobrecarga nos rins, taquicardia e aumento da pressão sanguínea. Porém, essa
informação não é verdadeira. Diversos estudos já foram realizados sobre a
função renal, hepática e do sistema cardiovascular, bem como inúmeros
marcadores de saúde, e todos estes não apontaram qualquer efeito deletério”
(Camara, 2012).
O excesso de
creatina como alguns leigos imaginam não vai aumentar a força ou a massa
muscular, e sim ser eliminado pelo organismo sendo excretado pela urina,
podendo causar os efeitos já mencionados, sendo assim, o uso maior da dosagem recomendada
é considerado um desperdício.
O uso por tempo
prolongado da creatina não é necessário, uma vez que estudos sugeriram que os
estoques de creatina se mantêm elevados por até 1 mês depois da fase de carga
da creatina.
Creatina e alimentos
Um homem de 70
kilos, necessita de aproximadamente 2 gramas de creatina ao dia, metade dessa
quantidade é obtida pela alimentação e o restante sintetizado pelo corpo.
Porém, esse uso pode ser elevado para praticantes de exercícios de curta
duração e que necessita de um alto nível de força.
A creatina é um
nutriente natural encontrada nos alimentos, principalmente nas carnes (bacalhau
– 3,0; salmão – 4,5; atum – 4,0; carne bovina – 4,5g/kg); ela também é
encontrada no próprio organismo humano, que faz sua produção através de outros
aminoácidos no fígado, pâncreas e rins.
Como vimos, a
eficácia da creatina está relacionada com a melhoria da capacidade do atleta em
aumentar a intensidade do exercício culminando assim em um melhor rendimento, e
consequentemente aumentando a força muscular, favorecendo assim ao aumento da
hipertrofia muscular. Embora haja divergências, a grande maioria dos estudos
apontam que a utilização da creatina
para treinamentos de alta intensidade e curta duração traz efeitos positivos no
que se refere a aumento dos níveis de força , prolongando o esforço e
consequentemente favorecendo ao aumento de massa muscular.
Fatores como: Tempo
de utilização, dose administrada, modalidade esportiva praticada e organismo da
atleta são fundamentais para que o uso da creatina seja benéfico durante o
treinamento. Por isso é sempre importante a consulta de um nutricionista e um
profissional de Educação Física antes de utilizar algum suplemento esportivo ou
iniciar algum plano de treinamento.
O uso de suplementos
alimentares não faz “mágica”, aos sedentários de plantão que buscam resultados
rapidamente, o principal é ter paciência
e comprometimento com o treinamento e alimentação.
Câmara, LC. A polêmica da creatina, Revista
Suplementação, ano 1, ed. 4, 2012.
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Prof. Márcio Luiz de
Almeida Bueno. CREF MG 020654-G/MG

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