quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Dieta Vegetariana e Atividade Física

        

        Antes de mais nada o artigo em questão não é abominar o consumo de proteína animal, e sim informar melhor o praticante de atividade física que aderiu ou tem o interesse em mais informações sobre a dieta vegetariana.
       A proteína é uma das grandes interrogações para quem adere a dieta vegetariana. A principal dúvida é: Uma dieta com restrição de proteínas de origem animal seria suficiente para suprir nossa carência?
        As proteínas são compostos orgânicos de alto peso molecular, formadas pelo encadeamento de aminoácidos. Representam cerca do 50% a 80% do peso seco da célula, sendo, portanto, o composto orgânico mais abundante de matéria viva. Estão presentes em diversos tipos de alimentos e quando ingeridas, são absorvidas para desempenhar as suas funções no organismo, seja na composição do músculo, propiciando a sua contração, na defesa do organismo ou na transformação de energia
      Segundo e American Dietetc Association e a Organização Mundial da Saúde, em uma dieta balanceada, a ingestão de proteína deve representar cerca de 15% do total da dieta diária de uma pessoa.
      A questão da proteína disponível nos alimentos de origem animal e vegetal gera muita confusão. Vale lembrar também que as proteínas são compostas de aminoácidos, e que não existe nenhum aminoácido essencial necessário ao organismo humano que não seja encontrado em abundância nos alimentos do reino vegetal.
        Com exceção da vitamina B12, que é o único nutriente que o vegetariano talvez precise complementar, mesmo com uma alimentação bem planejada, pois a vitamina B12 só está presente em quantidade significativa nos alimentos de origem animal. Devemos lembrar que leite, queijos e ovos são de origem animal e contêm essa vitamina.
       Os alimentos de origem vegetal (exceto feijões) contêm menos proteínas do que as fontes animais, mas, mesmo assim, em teor maior do que o organismo humano necessita.
       O baixo teor de gordura e a presença de fibras é um dos principais pontos positivos ao se comparar a proteína vegetal da animal.
      Estudos populacionais mostram que a dieta vegetariana estrita excede a necessidade de aminoácidos essenciais. Um amplo estudo de revisão sobre o assunto demonstrou que não há diferença na incorporação da proteína no corpo humano, seja ela do reino animal ou vegetal.
       A adesão da dieta vegetariana tem sido associada a diversos benefícios para a saúde da população humana, como baixas concentrações de lipídios séricos, baixos níveis de adiposidade corporal e baixa incidência de mortes por isquemia do miocárdio, diabetes mellitus e certos tipos de câncer. Em contrapartida uma dieta vegetariana desbalanceada ou restritiva, em situações de altas demandas metabólicas (durante o exercicio), pode provocar deficiências nutricionais.

    Embora a escassez de pesquisas relacionando adeptos da dieta vegetariana e atividade Física, podemos observar alguns resultados de pesquisas já feitas, como segue abaixo:

             Raben Et al (1992) em estudo encontrou valores mais baixos de testosterona em homens que consumiam dieta vegetariana rica em proteína, quando comparados aos que consumiam dieta não-vegetariana, também rica no nutriente.
          Estudo realizado por Campbell et al (1999) não foi encontrada diferenças significativas na força muscular dinâmica entre grupos de homens vegetarianos e não-vegetarianos. Ambos os grupos demonstraram aumento similar na força, após 12 semanas de treinamento contra resistência.
           Especulou-se se a dieta vegetariana poderia ocasionar impacto negativo sobre a função imunológica, mas, segundo Fogelholm (2003), a retirada da carne da dieta não parece ocasionar efeitos adversos sobre essa função. Quanto à influência da dieta na função imunológica de atletas de endurance, não foram encontradas diferenças significativas na quantidade e atividade das células do sistema imune entre os grupos.

              Entretanto, mais estudos precisam ser realizados para afirmações mais contudentes relacionadas ao tema.
              O que é unânime afirmar é que a Nutrição desempenha um papel importante na performance atlética, e muitas pessoas fisicamente ativas não têm uma dieta que as ajuda a desempenhar o seu máximo. Sem uma compreensão básica da nutrição, engolir um comprimido parece mais fácil do que planejar um cardápio. Na realidade, não há comprimido ou porção que possa melhorar sua performance como a ingestão apropriada de alimentos e fluidos.Independente do tipo de proteína, o importante é saber quando e quanto comer ao longo do dia e isso apenas um nutricionista poderá orientar de acordo com suas demandas e atividades diárias.

            Uma dieta vegetariana bem planejada e equilibrada, demonstra ser apropriada a todos estágios do desenvolvimento humano, bem como proporcionar suporte adequado ao desempenho esportivo.


ATLETAS VEGETARIANOS DE ALTA PERFORMANCE

Carl Lewis

Eleito o “Esportista do Século” pelo Comitê Olímpico Internacional, o velocista vegano, nascido nos Estados Unidos, colecionou 10 medalhas olímpicas em provas de velocidade, sendo nove delas de ouro. Em 1991, bateu o recorde de 9,86 segundos na prova dos 100 metros rasos.

Dave Scott

Foi seis vezes campeão do Ironman no Hawaii, a principal competição de triatlon no mundo, chegando em primeiro lugar em 1980, 1982, 1983, 1984, 1986 e 1987.

Éder Jofre

O maior pugilista brasileiro de todos os tempos, vegetariano desde os 20 anos de idade, desde 1956,  foi campeão mundial peso-galo em 1960 e do peso-pena em 1973 sem comer alimentos de espécie animal. Ele atribui a sua capacidade física, de resistência e força, à dieta vegetariana.

Murray Rose

Considerado um dos maiores nadadores de todos os tempos, este escocês vegetariano conseguiu, logo aos 17 anos, três medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1956, em Melbourne, na Austrália. Nos 400m livre, 1500m livre e 4 x 200m livre. Em 1960, nas Olimpíadas de Roma, também ficou com o ouro, nos 400m livre.

Daniel Meyer

Triatleta e ultramaratonista, atua na promoção do veganismo através de suas conquistas no esporte, demonstrando que uma dieta estritamente vegetariana é totalmente compatível com alto desempenho esportivo

Fiona Oakes

Atleta vegana ganhadora de várias maratonas e responsável por um santuário no qual vivem centenas de animais.

Robert Cheeke

Fisiculturista e ativista vegano, promove palestras e promoções de seu livroVegan Bodybuilding & Fitness– The Complete Guide to Building Your Body on a Plant Based Diet (2010)

Frank Medrano

É super atleta conhecido mundialmente por sua força , flexibilidade e exercícios surreais que executa

Hélio Gracie

Foi responsável pela difusão do Jiu-Jitsu no Brasil e idealizador do estilo de arte marcial brasileira conhecido mundialmente como Brazilian Jiu-Jitsu.Descendente distante de escoceses, quando era apenas uma criança sua família mudou-se para o Rio de Janeiro. Devido à sua frágil saúde, Hélio, o mais franzino dos Gracie, não podia treinar o Judô tradicional ensinado pelos seus irmãos, especialmente Carlos Gracie.Faleceu aos 95 anos de idade e desde os 67 anos era vegetariano, pois segundo ele, descobriu que carne não fazia bem


REFERENCIAS:


Prof. Márcio Luiz de Almeida BUENO / CREF 020654-G/MG
 
American College of Sports Medicine. Nutrition and athletic performance. Med Sci Sports Exerc. 2000

Campbell WW, Barton ML, Cyr-Campbell D, Davey SL, Beard JL, Parise G, et al. Effects of an omnivorous diet compared with a lactoovovegetarian diet on resistance-training-induced changes in body composition and skeletal muscle in older men. Am J Clin Nutr. 1999.

Fogelholm, M. Dairy products, meat and sports performance. Sports Med. 2003

Position of the American Dietetic Association: Vegetarian diets. J Am Diet Assoc. 2009.

Raben A, Kiens B, Richter EA, Rasmussen LB, Svenstrup B, Micic S, et al. Serum sex hormones and endurance performance after a lacto-ovo vegetarian and a mixed diet. Med Sci Sports Exerc. 1992

Soares, EA, Burini, RC. Dietas vegetarianas: tipos, origem e implicações nutricionais. Cad Nutr. 1990


www.s v b. o r g . b r

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