quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Dieta Vegetariana e Atividade Física

        

        Antes de mais nada o artigo em questão não é abominar o consumo de proteína animal, e sim informar melhor o praticante de atividade física que aderiu ou tem o interesse em mais informações sobre a dieta vegetariana.
       A proteína é uma das grandes interrogações para quem adere a dieta vegetariana. A principal dúvida é: Uma dieta com restrição de proteínas de origem animal seria suficiente para suprir nossa carência?
        As proteínas são compostos orgânicos de alto peso molecular, formadas pelo encadeamento de aminoácidos. Representam cerca do 50% a 80% do peso seco da célula, sendo, portanto, o composto orgânico mais abundante de matéria viva. Estão presentes em diversos tipos de alimentos e quando ingeridas, são absorvidas para desempenhar as suas funções no organismo, seja na composição do músculo, propiciando a sua contração, na defesa do organismo ou na transformação de energia
      Segundo e American Dietetc Association e a Organização Mundial da Saúde, em uma dieta balanceada, a ingestão de proteína deve representar cerca de 15% do total da dieta diária de uma pessoa.
      A questão da proteína disponível nos alimentos de origem animal e vegetal gera muita confusão. Vale lembrar também que as proteínas são compostas de aminoácidos, e que não existe nenhum aminoácido essencial necessário ao organismo humano que não seja encontrado em abundância nos alimentos do reino vegetal.
        Com exceção da vitamina B12, que é o único nutriente que o vegetariano talvez precise complementar, mesmo com uma alimentação bem planejada, pois a vitamina B12 só está presente em quantidade significativa nos alimentos de origem animal. Devemos lembrar que leite, queijos e ovos são de origem animal e contêm essa vitamina.
       Os alimentos de origem vegetal (exceto feijões) contêm menos proteínas do que as fontes animais, mas, mesmo assim, em teor maior do que o organismo humano necessita.
       O baixo teor de gordura e a presença de fibras é um dos principais pontos positivos ao se comparar a proteína vegetal da animal.
      Estudos populacionais mostram que a dieta vegetariana estrita excede a necessidade de aminoácidos essenciais. Um amplo estudo de revisão sobre o assunto demonstrou que não há diferença na incorporação da proteína no corpo humano, seja ela do reino animal ou vegetal.
       A adesão da dieta vegetariana tem sido associada a diversos benefícios para a saúde da população humana, como baixas concentrações de lipídios séricos, baixos níveis de adiposidade corporal e baixa incidência de mortes por isquemia do miocárdio, diabetes mellitus e certos tipos de câncer. Em contrapartida uma dieta vegetariana desbalanceada ou restritiva, em situações de altas demandas metabólicas (durante o exercicio), pode provocar deficiências nutricionais.

    Embora a escassez de pesquisas relacionando adeptos da dieta vegetariana e atividade Física, podemos observar alguns resultados de pesquisas já feitas, como segue abaixo:

             Raben Et al (1992) em estudo encontrou valores mais baixos de testosterona em homens que consumiam dieta vegetariana rica em proteína, quando comparados aos que consumiam dieta não-vegetariana, também rica no nutriente.
          Estudo realizado por Campbell et al (1999) não foi encontrada diferenças significativas na força muscular dinâmica entre grupos de homens vegetarianos e não-vegetarianos. Ambos os grupos demonstraram aumento similar na força, após 12 semanas de treinamento contra resistência.
           Especulou-se se a dieta vegetariana poderia ocasionar impacto negativo sobre a função imunológica, mas, segundo Fogelholm (2003), a retirada da carne da dieta não parece ocasionar efeitos adversos sobre essa função. Quanto à influência da dieta na função imunológica de atletas de endurance, não foram encontradas diferenças significativas na quantidade e atividade das células do sistema imune entre os grupos.

              Entretanto, mais estudos precisam ser realizados para afirmações mais contudentes relacionadas ao tema.
              O que é unânime afirmar é que a Nutrição desempenha um papel importante na performance atlética, e muitas pessoas fisicamente ativas não têm uma dieta que as ajuda a desempenhar o seu máximo. Sem uma compreensão básica da nutrição, engolir um comprimido parece mais fácil do que planejar um cardápio. Na realidade, não há comprimido ou porção que possa melhorar sua performance como a ingestão apropriada de alimentos e fluidos.Independente do tipo de proteína, o importante é saber quando e quanto comer ao longo do dia e isso apenas um nutricionista poderá orientar de acordo com suas demandas e atividades diárias.

            Uma dieta vegetariana bem planejada e equilibrada, demonstra ser apropriada a todos estágios do desenvolvimento humano, bem como proporcionar suporte adequado ao desempenho esportivo.


ATLETAS VEGETARIANOS DE ALTA PERFORMANCE

Carl Lewis

Eleito o “Esportista do Século” pelo Comitê Olímpico Internacional, o velocista vegano, nascido nos Estados Unidos, colecionou 10 medalhas olímpicas em provas de velocidade, sendo nove delas de ouro. Em 1991, bateu o recorde de 9,86 segundos na prova dos 100 metros rasos.

Dave Scott

Foi seis vezes campeão do Ironman no Hawaii, a principal competição de triatlon no mundo, chegando em primeiro lugar em 1980, 1982, 1983, 1984, 1986 e 1987.

Éder Jofre

O maior pugilista brasileiro de todos os tempos, vegetariano desde os 20 anos de idade, desde 1956,  foi campeão mundial peso-galo em 1960 e do peso-pena em 1973 sem comer alimentos de espécie animal. Ele atribui a sua capacidade física, de resistência e força, à dieta vegetariana.

Murray Rose

Considerado um dos maiores nadadores de todos os tempos, este escocês vegetariano conseguiu, logo aos 17 anos, três medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1956, em Melbourne, na Austrália. Nos 400m livre, 1500m livre e 4 x 200m livre. Em 1960, nas Olimpíadas de Roma, também ficou com o ouro, nos 400m livre.

Daniel Meyer

Triatleta e ultramaratonista, atua na promoção do veganismo através de suas conquistas no esporte, demonstrando que uma dieta estritamente vegetariana é totalmente compatível com alto desempenho esportivo

Fiona Oakes

Atleta vegana ganhadora de várias maratonas e responsável por um santuário no qual vivem centenas de animais.

Robert Cheeke

Fisiculturista e ativista vegano, promove palestras e promoções de seu livroVegan Bodybuilding & Fitness– The Complete Guide to Building Your Body on a Plant Based Diet (2010)

Frank Medrano

É super atleta conhecido mundialmente por sua força , flexibilidade e exercícios surreais que executa

Hélio Gracie

Foi responsável pela difusão do Jiu-Jitsu no Brasil e idealizador do estilo de arte marcial brasileira conhecido mundialmente como Brazilian Jiu-Jitsu.Descendente distante de escoceses, quando era apenas uma criança sua família mudou-se para o Rio de Janeiro. Devido à sua frágil saúde, Hélio, o mais franzino dos Gracie, não podia treinar o Judô tradicional ensinado pelos seus irmãos, especialmente Carlos Gracie.Faleceu aos 95 anos de idade e desde os 67 anos era vegetariano, pois segundo ele, descobriu que carne não fazia bem


REFERENCIAS:


Prof. Márcio Luiz de Almeida BUENO / CREF 020654-G/MG
 
American College of Sports Medicine. Nutrition and athletic performance. Med Sci Sports Exerc. 2000

Campbell WW, Barton ML, Cyr-Campbell D, Davey SL, Beard JL, Parise G, et al. Effects of an omnivorous diet compared with a lactoovovegetarian diet on resistance-training-induced changes in body composition and skeletal muscle in older men. Am J Clin Nutr. 1999.

Fogelholm, M. Dairy products, meat and sports performance. Sports Med. 2003

Position of the American Dietetic Association: Vegetarian diets. J Am Diet Assoc. 2009.

Raben A, Kiens B, Richter EA, Rasmussen LB, Svenstrup B, Micic S, et al. Serum sex hormones and endurance performance after a lacto-ovo vegetarian and a mixed diet. Med Sci Sports Exerc. 1992

Soares, EA, Burini, RC. Dietas vegetarianas: tipos, origem e implicações nutricionais. Cad Nutr. 1990


www.s v b. o r g . b r

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

MUSCULAÇÃO X TREINAMENTO FUNCIONAL



Um assunto bastante discutido hoje no mundo fitness é comparação da eficácia do treinamento na musculação  e do treinamento funcional. Para que servem? Qual traz melhores resultados? Qual gasta mais calorias? Essas são apenas algumas das dúvidas que norteiam as duas atividades mais realizadas nas academias. Primeiramente darei um breve demonstrativo do que são as duas atividades e posteriormente um comparativo entre ambas.
Ressalto que o conteúdo aqui escrito é uma opinião própria e que respeito às demais opiniões desde que obviamente sejam profissionais e fundamentadas.

TREINAMENTO FUNCIONAL

Os movimentos funcionais segundo Dias (2011) referem-se a movimentos associados, multiplanares e que abrangem redução, estabilização e produção de força; ou seja, os exercícios funcionais referem-se a movimentos que empregam mais de uma fração corporal simultaneamente, podendo ser realizado em diversos planos e envolvendo diversas ações musculares (excêntrica, concêntrica e isométrica).  Para melhor entendimento o treinamento funcional tem o foco principal de treinar movimentos em todos os planos com todo o corpo atingindo todas as capacidades físicas.

MUSCULAÇÃO

Atividade física desenvolvida predominantemente através de exercícios analíticos, utilizando resistências progressivas fornecidas por recursos materiais tais como: halteres, barras, anilhas, aglomerados, módulos, extensores, peças lastradas, o próprio corpo e/ou segmentos, etc. GODOY (1994).
Segundo Coutinho (2001), a musculação proporciona manutenção e aumento do metabolismo decorrente do aumento de massa muscular, pois a mesma é responsável pela maior parte do metabolismo bem como ganho de força.

MUSCULAÇÃO E TREINAMENTO FUNCIONAL

Podemos observar que ambas atividades possuem características próprias distinguindo-se uma da outra, sendo o treinamento funcional mais dinâmico, focando mais em variações de movimentos e a musculação uma atividade mais estática com o objetivo principal de causar danos na musculatura através de exercícios específicos com cargas elevadas.
 O treinamento funcional trata-se de um treinamento mais completo para quem busca melhoria da vida diária, condicionamento físico e aprimoramento das capacidades de velocidade, equilíbrio, coordenação motora, potência  e consequentemente perda de gordura.
Já a musculação, é mais indicada para o fortalecimento articular e muscular, aumento de força, perda de gordura e hipertrofia (aumento de massa muscular). Pelo fato de possibilitar trabalhar isolados para cada musculatura e pela facilidade de manipular cargas altas,  a musculação se torna mais eficaz para o aumento dos níveis de força e consequentemente hipertrofia muscular ao se comparada com o treinamento funcional.
O treinamento funcional embora dinâmico não tem a mesma capacidade de manipular a intensidade do exercícios em relação as cargas como tem a musculação, diminuindo assim sua eficácia em comparação à musculação ao se analisar a hipertrofia muscular e a força.



GASTO CALÓRICO

Em relação ao gasto calórico da musculação, em estudo realizado por Wilmore et al. (1978) em um treinamento de circuito com 10 estações, com 15 segundos de intervalo entre cada exercício com duração total de 22,5 minutos foi gasto o equivalente a 202,4 kcal.
Já o treinamento funcional, por ser uma modalidade mais atual, não foram encontrado estudos que evidenciem o gasto calórico de uma sessão de treinamento, porém, é mencionado na mídia digital por treinadores a média de 440 Kcal em 60 minutos de atividade, o que deixariam ambas atividades equivalentes no que se refere ao gasto calórico.


Ambas as atividades tem seu ponto positivo e creio que cada uma se encaixa para  determinados fins específicos , sendo assim, vejo perda de tempo comparar ou julgar qual é a  melhor ou mais eficiente. Cada uma tem seu valor para aquilo que ela se propõe em beneficiar. Creio ainda que em situações isoladas ambas podem ser utilizadas juntas para complemento de um treinamento.

Prof. MÁRCIO luiz de Almeida BUENO /  CREF 020654-G/MG
COUTINHO, W. Enciclopédia do emagrecimento. São Paulo: goal, 2001.
DIAS, K.J. Treinamento funcional: Um novo conceito de treinamento físico para Idosos. Cooperativa do Fitness, 2011.
GODOY, E. S. de. Musculação fi tness. Rio de Janeiro: Sprint,1994.
WILMORE, J.H.; PARR, R.B.; WARD, P.; VODAK, P.; BARSTOW, T.J.; PIPES, T.V.; GRIMDITCH, G. & LESLIE, P. Energy cost circuit weight training. Medicine and Science in Sport and Exercise, 10(2): 75-78, 1978.


sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A ordem dos exercícios na musculação


A ordem e escolha dos exercícios em um treinamento é tão importante quanto às demais variáveis que implica diretamente na intensidade do treino (velocidade de execução, tempo de descanso, números de séries, numero de repetições, carga e etc).
Ao Analisar os diferentes sistemas, métodos e técnicas de treinamento resistido, é possível observar que há basicamente duas possibilidades distintas na sequência de execução dos exercícios: uma que possibilita alternar os grupos musculares solicitados por segmentos locais e regionais, como agonista e antagonista ou por membros (superior / inferior), outra que impõe estímulos sucessivos a um determinado grupo muscular entre os exercícios (ex: leg-press / agachamento / extensão de joelhos); Fleck & Kraemer (2006), mencionam estas duas tendências com a terminologia: ordem alternada de grupos musculares e ordem de exercícios cumulativa, respectivamente.
   A grande maioria dos sistemas de treinamento (séries múltiplas, sistema de pirâmide, leve-pesado, pesado-leve, blitz, entre outros) contempla a ordem de exercícios cumulativa, já que é comum neste tipo de sequência o desenvolvimento da força e hipertrofia ficam mais evidenciados, como exemplo uma ordem de exercícios para o grupo peitoral: supino reto / supino inclinado / crucifixo. Já os métodos e sistemas que alternam os seguimentos musculares como no circuito alternado, o qual permite intercalar a solicitação entre membros superiores e inferiores (ex: a seqüência remada alta / extensão de joelhos / tríceps pulley) são mais aplicados para os propósitos de condicionamento físico e resistência muscular (FLECK & KRAEMER, 2006).
 Tradicionalmente um treinamento sempre se inicia pelos grupos musculares maiores e termina pelos menores. As explicações teóricas que justificariam esta opção na ordem dos exercícios se pautam na lógica de que a solicitação prioritária dos grandes grupos musculares antes dos pequenos proporciona maior rendimento no volume total de treino (repetições x carga), uma vez que um número maior de repetições com maior intensidade (carga) podem ser realizadas por estes grupos (que tendem normalmente mobilizar maior peso) conforme sua maior disponibilidade de reserva energética no tecido muscular.
Por outro lado, há uma vertente na qual defende a ordem inversa no treinamento, exercícios uniarticulares antes dos multiarticulares, este tipo de procedimento  é conhecido na área e mencionado como método de pré-exaustão, técnica que ficou popularizada entre os fisiculturistas e basistas europeus e norte-americanos. Acredita-se que o exercício de isolamento executado antes, enfatizaria o motor primário durante o exercício composto, pois a musculatura já se encontraria pré-fadigada, impondo estresse adicional aos grupos musculares maiores durante a realização do exercício estrutural final (KRAEMER et al, 1998; TAN, 1999).
Porém, ao analisar estudos comparando as ordens dos grupos trabalhados nota-se que os exercícios executados na ordem dos multiarticulares (grupos muscular maior) para os monoarticulares (grupo muscular menor) maximizam a performance e a solicitação muscular, quando se leva em conta o volume total de treino (SIMÃO ET AL 2005; SFORZO & TOUEY 1996).
Já estudos sobre efeitos da pré-exaustão (exercícios monoarticulares realizados primeiro) na atividade muscular avaliada por Eletromiografia (EMG) dos músculos da coxa (reto femural e vasto lateral) e glúteo máximo durante o exercício de leg-press, com 17 jovens treinados, apontaram que o exercício de pré-exaustão é ineficiente para os propósitos de maior ativação dos músculos de ação primária, já que esta técnica ocasionou menor atividade de contração da musculatura fadigada, contradizendo  assim  os defensores da técnica (AUGUSTSSON ET AL 2003).
Na realidade são poucos os estudos relacionando a ordem dos exercícios com a performance no treinamento,  deixando esse tema controverso entre os profissionais da área.
Entretanto, teoricamente encontramos mais publicações defendendo a pratica de exercícios multiarticulares primeiro e posteriormente os exercícios monoarticulares.
Parece mais sensato que se priorize os exercícios básicos, devido o fato que esses exercícios acionam outros músculos deixando os exercícios específicos para o final do treinamento para acabar de fadigar a musculatura.
É aconselhável que o profissional conhecendo a capacidade de cada aluno aplique ambas as técnicas ao longo da periodização anual de treinos, e com a prática, chegue á suas próprias conclusões.



Prof. MÁRCIO luiz de Almeida BUENO /  CREF 020654-G/MG

FLECK, Steven. KRAEMER, Wiliam. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

GENTIL, Paulo. Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.

SFORZO, GA. TOUEY, PR. Manipulating exercise order affects muscular performance during a resistance exercise training session. J Strength Cond Res 1996.

SIMÃO R, FARINATTI PTV, POLITO MD, MAIOR AS, FLECK SJ. Influence of exercise order on the number of repetitions performed and perceived during resistive exercises. J Strength Cond Res 2005.

TAN, B. Manipulating resistance training program variables to optimize maximum strength in men: A review. J. Strength Cond. Res. 13:289–304. 1999.


domingo, 17 de agosto de 2014

Método de Treinamento Superséries


Existem inúmeros métodos de treinamentos que são aplicados para os mais variados  objetivos, seja ele hipertrofia, ganho de força ou emagrecimento. Porém, cada método deve ser adequado para cada fase de treinamento e objetivo do atleta.
O Sistema de treinamento relatado a seguir é o Método de Supersérie, utilizado por vários fisiculturistas e atletas para aumento de força e hipertrofia muscular.
O Método Supersérie envolve dois diferentes sistemas. Um dos métodos usa várias séries de dois exercícios para grupos musculares agonistas e antagonistas de uma determinada parte do corpo, sendo sua execução realizada logo após o término da outra repetição sem intervalo de descanso entre os dois exercícios. Um exemplo seria a alternância do exercícios Rosca Direta – (bíceps) e Tríceps Testas – (Tríceps).
Segundo Fleck e Kraemer de nove sistemas de treinamento comparados, esse método é dos mais efetivos para aumento de força isométrica das costas e pernas.
O segundo tipo de variação do Supersérie é semelhante ao sistema Trissérie. Consiste na execução de 2 ou 3 exercicios sucessivamente e rapidamente para o mesmo grupo muscular, por exemplo (Remada Sentada – Remada Curvada – Puxador Costas). Esse tipo de supersérie resultou em um estudo realizado por Kraemer (1997), em significativos ganhos de força, altereção na composição corporal e aumento no desempenho de salto vertical.
Ambos os tipos de Supersérie tipicamente envolvem séries de 8 á 10 repetições com pouco ou nenhum intervalo de descanso entre as séries e os exercícios.
Em relação a carga de trabalho,  se considerarmos a execução de dois exercícios sem pausa entre eles, haverá então um aumento considerável do volume por série, o que consequentemente pode refletir na diminuição da intensidade (carga), levando-se em conta o princípio da interdependência entre volume e intensidade.
O Sistema é bastante eficaz se executado por alguém com um bom nível de treinamento e que busca potencializar seus ganhos de hipertrofia.  Esse método é muito popular entre os fisiculturistas, o que sugere que se trata de um método que proporciona bons resultados na composição corporal .
É também indicado para incrementar a resistência muscular localizada, devido aos curtos períodos entre as séries e exercícios, proporcionar um aumento na concentração de ácido láctico sanguíneo no músculo (Fleck e Kraemer, 2009).
Vale lembrar que antes de realizar qualquer tipo de treinamento, o mesmo deverá ser prescrito e orientado por um Profissional de Educação Física competente e que tenha conhecimento na área.

Prof. Márcio Luiz de Almeida Bueno
Fleck e Kraemer. Fundamentos de treinamento de força Muscular, Artmed, 2009.


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Quantidade x Qualidade do exercício na musculação



Na musculação são inúmeros os programas e métodos de treinamento, que vão variar de acordo com cada individuo. Entretanto, as variáveis que influenciam o volume e intensidade devem ser respeitadas e cuidadosamente elaboradas em um programa de treinamento, variando de acordo com a treinabilidade e objetivo do aluno.
Um termo que ouvimos muito na musculação é “mais qualidade e menos quantidade”, esse termo é utilizado em relação à preferência em uma execução “limpa”, ao invés de uma quantidade elevada de peso onde as demais variáveis são deixadas de lado (postura correta, velocidade do movimento, amplitude do movimento.. etc).
Um dos maiores problemas na ciência do treinamento está em estabelecer a quantidade ideal de treino, sempre ouvimos perguntas como: "quantos exercícios devo fazer?" ou "quanto tempo devo passar na academia?". Invariavelmente a resposta é: "depende". Apesar de ser impossível estabelecer a série ideal para todas as pessoas em termos quantitativos (volume) e qualitativos (intensidade) pode-se ter certeza que o problema com o treino da maioria das pessoas é que elas simplesmente exageram na quantidade e pecam na qualidade. A velha máxima "quantidade não é qualidade" também vale na musculação.
O mais sensato é executar o exercício obedecendo à postura e o ritmo correto. Se não estiver seguro quanto à correta execução de um exercício, dedique-se a isso antes de aumentar a carga ou o número de repetições, sempre pedindo ajuda a um profissional.
O descanso entre as repetições se torna uma variável importante e que altera consideravelmente a intensidade do exercício. Intervalos mais curtos impossibilitam a recuperação total do músculo e consequentemente aumenta a intensidade nas repetições subsequentes.
Outra variável importante é a velocidade da contração, o tempo de tensão da musculatura é um grande estimulo e que influencia diretamente na intensidade do exercício.  Segundo Verkhoshansky (2000) a chave para um aumento muscular é levantar uma carga de cerca de 80% de 1 RM, durante 40-60 segundos. Já Poliquin, refere-se a tempo entre 20 e 70 segundo como ideais para ganhos de massa muscular, ambos em velocidades moderadas a lenta.
Tais variáveis permitem um aumento de intensidade sem alteração no carga do exercício.
O que vemos nas academias são exercícios simples se tornando bizarros devido às altas cargas utilizadas, comprometendo o treinamento e a própria segurança.
Antes do aumento de carga devemos focar no aperfeiçoamento do exercício, na velocidade do movimento (que varia de acordo com o objetivo de cada um) e tempos de recuperação, após isso, o próximo passo sim seria o aumento de carga.
A musculação é uma das atividades mais praticadas e recomendadas para os mais variados tipos de  doenças, porém,  sua aplicação de forma inconsequente  além de não causar as alterações desejadas pode levar a sério riscos a saúde do praticante. Por isso, você que é aluno exija sempre o acompanhamento de um profissional competente, tire suas dúvidas, e lembre-se que o treinamento não é uma receita de bolo, o que é bom para os outros pode não ser indicado para você.

Prof. Márcio Bueno, Instituto Federal do Sul de Minas, Campus Muzambinho.
POLIQUIN, C. Get Anabolic! Tempo Training, Varied Rest Intervals.

VERKHOSHANSKY, I. V. Entrenamiento deportivo: planificación y programación. Ed. 2, Barcelona: Martínez Roca, 2000.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O consumo de bebida alcoólica e a prática de atividade física


O consumo excessivo de álcool é um dos mais importantes fatores de risco para a saúde no mundo. O consumo abusivo de álcool pode desenvolver vários tipos de doenças, como as relacionadas ao aparelho digestivo ou ao sistema cardiovascular, além de serem propensos a desencadear a dependência, tornando o consumo de bebidas uma prioridade, em detrimento de outras atividades, inclusive as esportivas.
O álcool tem influência direta na performance de praticantes de atividades física. Estudos apontam os malefícios causados pelo consumo de bebidas alcoólicas antes, durante ou após a prática esportiva. Dentre esses efeitos adversos, podemos citar: o álcool estimula a diurese, ou seja, ao invés de reidratar o indivíduo, agiria desidratando ainda mais; o valor calórico da cerveja não é aproveitado pelo organismo na forma de glicose, não fornecendo combustível para as células do corpo; diminuição da secreção de testosterona; alteração do metabolismo dos lipídeos, favorecendo ao acúmulo da gordura na região visceral.

ÁLCOOL  E GORDURA
O álcool é uma fonte de calorias vazias, ou seja, sem valor nutricional algum. Uma dose de vodka tem por volta de 100 calorias. Se você está tentando perder gordura, é melhor pensar duas vezes antes de beber. Além do valor calórico, ele também diminui seu metabolismo, pois interrompe o ciclo de krebs, impedindo as gorduras de serem quebradas para serem usadas como energia. Um metabolismo lento significa menor queima de caloria, e por consequência, maior acúmulo de gordura.

ÁLCOOL E DESIDRATAÇÃO

Consumir álcool afeta e muito a hipertrofia. Além da possibilidade de no dia seguinte, influenciar diretamente na alimentação e treinamento, o álcool deixa o organismo desidratado por um ou mais dias.
Essa desidratação diminui em 20% a síntese proteica, além de atrapalhar várias outras funções do organismo, pois todas a reações ocorrem em meio aquoso.
Músculos hidratados ou super-hidratados (quando se usa creatina) possibilitam um ambiente favorável ao anabolismo. Músculos desidratados, ambiente favorável ao catabolismo.

ÁLCOOL E HORMÔNIOS

Quanto mais álcool no sangue, menos testosterona. Além disse, ele ajuda a transformação do hormônio androgênio em estrogênio (hormônio feminino).Há casos de ginecomastia onde a causa provável é o grande consumo de álcool.
Em um estudo feito com ratos, o álcool reduziu a Insulina e o Hormônio do crescimento em 42%.
A hipoglicemia também é muito comum em quem mistura álcool com exercícios. A atividade física já promove uma diminuição de glicose no organismo. E o álcool acentua mais ainda esta redução. O corpo começa a usar a proteína como fonte de energia, pois não há mais glicose no organismo.

ÁLCOOL E GORDURA ABDOMINAL

Em estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition, realizado com mais de 250 mil pessoas, confirma que a "barriga de chopp" não é um mito. Homens e mulheres que bebem álcool frequentemente sofrem de obesidade abdominal, a qual, por sua vez, relaciona-se com mortalidade em adultos. O efeito da bebida na gordura acumulada é maior no caso da cerveja do que no do vinho, embora os dois afetem na adiposidade na região dos quadris. Segundo o estudo homens que consomem cerveja apresentam um risco de mais de 75% de ter obesidade abdominal.

Veja tabela abaixo para se ter ideia de quantas calorias se consome em média em uma noite:


Bebida/alimento
Calorias

1 lata de cerveja
147
100 ml wisky
240
1 “shot” de 25ml (37.5%)
52
125 ml de champanhe
85
1 copo de vinho tinto (125ml)
85
1 copo de vinho branco (125ml)
88
Donner Kebab
500 – 750
pizza com 30 cms
1384
Hamburguer (Quarter Pounder)
684
Cachorro quente
464
Porção de batatas fritas
394

Resultados positivos, seja para perder gordura ou ganhar massa muscular não é uma tarefa fácil, o artigo em questão não se trata de um repúdio contra o uso de bebida alcoólica e sim um informativo. Cada um tem a consciência do que faz, mas, devemos lembrar que se quisermos obter bons  resultados são necessárias mudanças de hábitos e seguir uma disciplina rigorosa não só na academia, mas também, no dia-dia. Dessa forma o resultados é apenas questão de tempo.


Prof. Márcio Luiz de Almeida Bueno
  
Figlie NB, Pillon SC, Dunn J, Larangeira R. Thefrequency of smoking and problem drinking among general hospital inpatients in Brazil - using the AUDIT and Fagerstrom questionnaires. São Paulo Med J2000
King AC, Byars JA. Alcohol-induced performance impairment in heavy episodic and light social drinkers. J Stud Alcohol. 2004
http://www.cbcm.com.br/modulos/artigos
Laranjeira, R. em < http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/acao-e-efeitos-do-alcool/ >