Antes de mais nada o artigo em questão não é abominar o consumo de proteína animal, e sim informar melhor o praticante de atividade física que aderiu ou tem o interesse em mais informações sobre a dieta vegetariana.
A
proteína é uma das grandes interrogações para quem adere a dieta
vegetariana. A principal dúvida é: Uma dieta com restrição de
proteínas de origem animal seria suficiente para suprir nossa
carência?
As
proteínas são compostos orgânicos de alto peso molecular, formadas
pelo encadeamento de aminoácidos. Representam cerca do 50% a 80% do
peso seco da célula, sendo, portanto, o composto orgânico mais
abundante de matéria viva. Estão presentes em diversos tipos de
alimentos e quando ingeridas, são absorvidas para desempenhar as
suas funções no organismo, seja na composição do músculo,
propiciando a sua contração, na defesa do organismo ou na
transformação de energia
Segundo
e American Dietetc Association e a Organização Mundial da Saúde,
em uma dieta balanceada, a ingestão de proteína deve representar
cerca de 15% do total da dieta diária de uma pessoa.
A
questão da proteína disponível nos alimentos de origem animal e
vegetal gera muita confusão. Vale lembrar também que as proteínas
são compostas de aminoácidos, e que não existe nenhum aminoácido
essencial necessário ao organismo humano que não seja encontrado em
abundância nos alimentos do reino vegetal.
Com
exceção da vitamina B12, que é o único nutriente que o
vegetariano talvez precise complementar, mesmo com uma alimentação
bem planejada, pois a vitamina B12 só está presente em quantidade
significativa nos alimentos de origem animal. Devemos lembrar que
leite, queijos e ovos são de origem animal e contêm essa vitamina.
Os
alimentos de origem vegetal (exceto feijões) contêm menos proteínas
do que as fontes animais, mas, mesmo assim, em teor maior do que o
organismo humano necessita.
O
baixo teor de gordura e a presença de fibras é um dos principais
pontos positivos ao se comparar a proteína vegetal da animal.
Estudos
populacionais mostram que a dieta vegetariana estrita excede a
necessidade de aminoácidos essenciais. Um amplo estudo de revisão
sobre o assunto demonstrou que não há diferença na incorporação
da proteína no corpo humano, seja ela do reino animal ou vegetal.
A
adesão da dieta vegetariana tem sido associada a diversos benefícios
para a saúde da população humana, como baixas concentrações de
lipídios séricos, baixos níveis de adiposidade corporal e baixa
incidência de mortes por isquemia do miocárdio, diabetes mellitus e
certos tipos de câncer. Em contrapartida uma dieta vegetariana
desbalanceada ou restritiva, em situações de altas demandas
metabólicas (durante o exercicio), pode provocar deficiências
nutricionais.
Embora
a escassez de pesquisas relacionando adeptos da dieta vegetariana e
atividade Física, podemos observar alguns resultados de pesquisas já
feitas, como segue abaixo:
Raben
Et al (1992) em estudo encontrou valores mais baixos de testosterona
em homens que consumiam dieta vegetariana rica em proteína, quando
comparados aos que consumiam dieta não-vegetariana, também rica no
nutriente.
Estudo
realizado por Campbell et al (1999) não foi encontrada diferenças
significativas na força muscular dinâmica entre grupos de homens
vegetarianos e não-vegetarianos. Ambos os grupos demonstraram
aumento similar na força, após 12 semanas de treinamento contra
resistência.
Especulou-se
se a dieta vegetariana poderia ocasionar impacto negativo sobre a
função imunológica, mas, segundo Fogelholm (2003), a retirada da
carne da dieta não parece ocasionar efeitos adversos sobre essa
função. Quanto à influência da dieta na função imunológica de
atletas de endurance,
não foram encontradas diferenças significativas na quantidade e
atividade das células do sistema imune entre os grupos.
Entretanto,
mais estudos precisam ser realizados para afirmações mais
contudentes relacionadas ao tema.
O
que é unânime
afirmar é que a Nutrição desempenha um papel importante na
performance atlética, e muitas pessoas fisicamente ativas não têm
uma dieta que as ajuda a desempenhar o seu máximo. Sem uma
compreensão básica da nutrição, engolir um comprimido parece mais
fácil do que planejar um cardápio. Na realidade, não há
comprimido ou porção que possa melhorar sua performance como a
ingestão apropriada de alimentos e fluidos.Independente do tipo de
proteína, o importante é saber quando e quanto comer ao longo do
dia e isso apenas um nutricionista poderá orientar de acordo com
suas demandas e atividades diárias.
Uma
dieta vegetariana bem planejada e equilibrada, demonstra ser
apropriada a todos estágios do desenvolvimento humano, bem como
proporcionar suporte adequado ao desempenho esportivo.
ATLETAS
VEGETARIANOS DE ALTA PERFORMANCE
Carl Lewis
Eleito
o “Esportista do Século” pelo Comitê Olímpico Internacional, o
velocista vegano, nascido nos Estados Unidos, colecionou 10 medalhas
olímpicas em provas de velocidade, sendo nove delas de ouro. Em
1991, bateu o recorde de 9,86 segundos na prova dos 100 metros rasos.
Dave Scott
Foi
seis vezes campeão do Ironman no Hawaii, a principal competição de
triatlon no mundo, chegando em primeiro lugar em 1980, 1982, 1983,
1984, 1986 e 1987.
Éder Jofre
O
maior pugilista brasileiro de todos os tempos, vegetariano desde os
20 anos de idade, desde 1956, foi campeão mundial peso-galo em
1960 e do peso-pena em 1973 sem comer alimentos de espécie animal.
Ele atribui a sua capacidade física, de resistência e força, à
dieta vegetariana.
Murray Rose
Considerado
um dos maiores nadadores de todos os tempos, este escocês
vegetariano conseguiu, logo aos 17 anos, três medalhas de ouro nos
Jogos Olímpicos de 1956, em Melbourne, na Austrália. Nos 400m
livre, 1500m livre e 4 x 200m livre. Em 1960, nas Olimpíadas de
Roma, também ficou com o ouro, nos 400m livre.
Daniel Meyer
Triatleta
e ultramaratonista, atua na promoção do veganismo através de suas
conquistas no esporte, demonstrando que uma dieta estritamente
vegetariana é totalmente compatível com alto desempenho esportivo
Fiona Oakes
Atleta
vegana ganhadora de várias maratonas e responsável por um santuário
no qual vivem centenas de animais.
Robert Cheeke
Fisiculturista
e ativista vegano, promove palestras e promoções de seu livroVegan
Bodybuilding & Fitness– The Complete Guide to Building Your
Body on a Plant Based Diet (2010)
Frank Medrano
É
super atleta conhecido mundialmente por sua força , flexibilidade e
exercícios surreais que executa
Hélio Gracie
Foi
responsável pela difusão do Jiu-Jitsu
no Brasil e idealizador do estilo de
arte
marcial brasileira conhecido mundialmente como Brazilian
Jiu-Jitsu.Descendente distante de escoceses, quando era apenas
uma criança sua família mudou-se para o Rio de Janeiro. Devido à
sua frágil saúde, Hélio, o mais franzino dos Gracie, não podia
treinar o Judô tradicional ensinado pelos seus irmãos,
especialmente Carlos Gracie.Faleceu aos 95 anos de idade e desde os
67 anos era vegetariano, pois segundo ele, descobriu que carne não
fazia bem
REFERENCIAS:
Prof.
Márcio Luiz de Almeida BUENO / CREF 020654-G/MG
American
College of Sports Medicine. Nutrition and athletic performance. Med
Sci Sports Exerc. 2000
Campbell
WW, Barton ML, Cyr-Campbell D, Davey SL, Beard JL, Parise G, et al.
Effects of an omnivorous diet compared with a lactoovovegetarian diet
on resistance-training-induced changes in body composition and
skeletal muscle in older men. Am J Clin Nutr. 1999.
Fogelholm,
M. Dairy products, meat and sports performance. Sports Med. 2003
Position
of the American Dietetic Association: Vegetarian diets. J Am Diet
Assoc. 2009.
Raben
A, Kiens B, Richter EA, Rasmussen LB, Svenstrup B, Micic S, et al.
Serum sex hormones and endurance performance after a lacto-ovo
vegetarian and a mixed diet. Med Sci Sports Exerc. 1992
Soares,
EA, Burini, RC. Dietas vegetarianas: tipos, origem e implicações
nutricionais. Cad Nutr. 1990
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