Entende-se por uma boa qualidade de vida, a
capacidade do indivíduo sentir-se apto para realizar qualquer atividade
não encontrando limitações para suas tarefas. Com o passar dos anos nosso corpo
passa por modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas em
inúmeras capacidades físicas, as quais culminam no declínio da capacidade
funcional e independência do idoso, causando assim a perda de capacidade
de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e
maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo a morte.
Durante o processo de
envelhecimento são observados declínios significativos nos diferentes
componentes da capacidade funcional (CF), em especial, nas expressões da força
muscular. Já se sabe que após os 30 anos, estima-se que a perda de força seja
de 1% por ano até os 60 anos, de 15% por década entre os 60 e os 70 anos e, daí
em diante, 30% por década, causando assim declínios significativos na
capacidade funcional dos idosos, KRAEMER, FLECK e EVANS (1996).
O treinamento de força
vem surgindo como uma solução para os problemas causados pelo envelhecimento,
sendo alvo de vários estudos a respeito dos benefícios dessa atividade
para a população da terceira idade
A prática regular
do treinamento de força tem se mostrado efetiva para trazer vários benefícios à
vida dos indivíduos idosos, auxiliando no aumento da capacidade funcional,
principalmente pelo aumento da força muscular causada pelo treinamento com
pesos.
Segundo vários
autores, HUNTER, MCCARTHY e BAMMAN (2004) e KRAEMER, FLECK e EVANS
(1996) os exercícios com pesos têm sido a atividade mais indicada para promover
a melhoria funcional do idosos sendo mais eficiente do que a atividade
aeróbia.
Para UCHIDA et al
(2003), o treinamento de força além da força e massa muscular, também
proporciona ao praticante freqüência cardíaca e pressão arterial menor em
repouso devido ao efeito do treinamento.
A montagem do
treinamento para idosos deve seguir as mesmas variáveis de um treinamento
convencional (escolha do exercício, ordem dos exercícios, repouso entre as
séries e exercício, número de séries, resistência (intensidade) e número de
repetições), sempre levando em consideração a individualidade biológicas,
diferenças morfológicas e fisiológicas do idoso ( sistema imune,
ossos,hipertensão, diabetes, sarcopenia...).
ESCOLHA DO EXERCICIOS
Para a escolha de
exercícios deve-se enfatizar a funcionalidade, isto é, que assemelham com
movimentos realizados pelo idoso no dia-dia, por exemplo levantar da cadeira
(priorizar musculaturas do quadríceps, tríceps), sendo em aparelho ou livre, de
acordo com a adaptabilidade do aluno.
ORDEM DO EXERCICIO
A série deve ser
precedida de um aquecimento do próprio exercícios realizado porém com menos
carga e mais repetições, posteriormente deve-se ordenar alternado por
seguimento ou agonista-antagonista.
INTERVALO ENTRE AS
SÉRIES
Como em qualquer
treinamento de força os períodos de repouso devem ser mais longos se
resistências mais pesadas forem sendo usadas e podem ser encurtados conforme a
tolerância ao exercício é aumentada, variando com a intensidade da série.
NÚMERO DE SÉRIES
Inicialmente o recomendado consiste em ao menos uma série por exercício para 8
a 10 exercícios. A progressão pode assegurar de 1 a 3 séries ao longo do tempo
(dependendo do número de exercícios realizados), na qual a tolerância de 3
séries tem sido mostrada mesmo por idosos frágeis.
INTENSIDADE
Como em qualquer treinamento inicialmente a intensidade (carga) será menos do
que o volume (repetições), A mais comum faixa de percentual de carga é de
50 a 85% do 1RM para 8 a 12 repetições. Vários esquemas de carga têm sido
recomendados para a progressão, incluindo cargas leves, moderadas e
moderadamente pesadas.
DURAÇÃO DA SESSÃO
Diferentemente
como ocorrem em jovens que sessões duram até 60 minutos os indivíduos idosos
podem completar as suas sessões do treinamento de resistência corporal total
dentro de 20 a 30 minutos.
Abaixo segue um estudo
em que protocolo similar de treinamento foi aplicado tanto em indivíduos jovens
quanto em idosos.
Em estudo de YARASHSKI
et al., 1999, onde dois grupos foram submetidos a 1 protocolo idêntico de
treinamento de força sendo um grupo de Idosos frágeis de76 a 92 anos, e
outro grupo de jovens de 23 á 32 anos, sendo submetidos a 3 meses de
treinamento de força iniciando os treinamentos com 1-2 séries com 65% a 75% de
1 RM, progredindo para 3x 10-12 com 85%-100% de 1RM, no final o aumento de
força de ambos os grupos foram similares.
Os aspectos positivos e
negativos da participação dos idosos em programas de treinamento de força são
similares aos da população mais jovem. Resultados proporcionalmente iguais e
até maiores são evidenciados em vários protocolos de treinamentos de força em
idosos. Devemos sempre olhar o treinamento com pesos para essa população
menos por um lado estético e mais como um agente propiciador da longevidade,
saúde e qualidade de vida.
Por Márcio Luiz de Almeida Bueno

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